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Manejo Emergencial das Intoxicações07/03/2012
Caros amigos e visitantes,
O texto a seguir foi postado em minha comunidade de proteção animal, por uma amiga e médica veterinária, mas espero que vocês nunca precisem tomar as medidas indicadas a seguir.
Um abraço,
Reginaldo Ribeiro.
Primeiramente eu gostaria de comentar sobre como devemos lidar com a exposição à substâncias nocivas externas. Os casos mais comuns costumam acometer os olhos e a pele.
Na irritação ocular, os olhos do paciente devem ser enxaguados com água ou solução salina por pelo menos 20-30 minutos. Após esse procedimento, geralmente utilizamos lubricantes oleosos e examinamos para possíveis danos à córnea. Como monitoramento, é importante verificar periodicamente por alterações como hiperemia (*vermelhidão), blefaroespasmo (*contração repetitiva e rítmica dos músculos da pálpebra), lacrimejamento e dor. Na exposição da pele, o paciente deve ser lavado e o produto mais comumente utilizado é o sabão de louça comum. Banhos devem ser repetidos para remover completamente o agente tóxico. É importante enxaguar bem o paciente com água morna para retirar todo o sabão. Para secar, pode-se utilizar toalhas aquecidas para manter uma temperatura constante e evitar hipotermia.
Mas o grande perigo está na ingestão de substâncias tóxicas. Existem diversos procedimentos para lidar com essa emergência. É importante lembrar que provocar emese (*vômito) não é sempre recomendável, especialmente quando se trata de substâncias corrosivas. Em casos onde existe a suspeita de ingestão de substâncias corrosivas, o ideal é tentar diluir o agente, e isso pode ser feito através da administração de água ou leite em combinação com demulecentes na dose de 1-3mg/kg.
Nos casos onde a emese é indicada, ela é mais eficaz quando realizada dentro de 2-3 horas após ingestão da substância tóxica. A emese geralmente esvazia 40-60% do conteúdo estomacal e assumimos que é mais eficaz do que a lavagem gástrica. Outro detalhe sobre induzir emese é que essa não deve ser provocada em roedores, coelhos, pássaros, cavalos e ruminantes. Deve-se evitar induzir emese quando se trata de agentes como bases, ácidos, corrosivos e hidrocarbonos. Condições pré-existentes também limitam a prática deste procedimento (animais com epilepsia, doenças cardiovasculares, debilitados ou que acabaram de passar por procedimentos cirúrgicos abdominais). Algumas substâncias tóxicas possuem efeitos anti-emético (fenotiazínicos, antihistaminicos, barbitúricos, narcóticos, antidepressivos e marijuana), nesses casos, induzir a emese pode ser dificultada.
Outro procedimento utilizado em caso de ingestão de agentes tóxicos é a administração de carvão ativado (de uso hospitalar). O carvão ativado ajuda a adsorver agentes químicos ou tóxicos, facilitando a excreção do mesmo via fezes. É geralmente utilizado quando o paciente ingere venenos orgânicos, químicos ou toxinas bacterianas. A dose recomendada para todas as espécies é 1-3 gms/kg. Pode ser repetida cada 4-8 horas na metade da dose. Esse tipo de procedimento não deve, no entanto, ser realizado caso haja suspeita de ingestão de materiais cáustico. Esse tipo de material não é absorvido e com isso o carvão ativado pode acabar mascarando severas lesões por queimaduras na boca e no esôfago. Existem outros agentes químicos que não costumam ser adsorvido eficazmente pelo carvão ativado (Etanol, metanol, fertilizantes, flúor, destilados de petróleo, metais pesados, iodo, nitratos, nitrito, cloreto de sódio e cloratos. Para aumentar a eficácia da eliminação do carvão ativado, pode-se usar catártico. Catárticos aceleram a eliminação do carvão ativado evitando que ocorra uma re-absorção do agente adsorvido pelo carvão. Porém, catárticos não devem ser usados em animais que apresentam diarréia ou que estejam desidratados.
Enemas também podem fazer parte dos procedimentos de emergência. Esse procedimento é útil na eliminação de toxinas provenientes do trato gastrointestinal. Carvão ativado pode ser utilizado como enema. O uso de soluções de enema pré-misturadas para uso humano é contraindicado para animais por causar distúrbios de desbalanceamento eletrolítico. Técnicas gerais de enema envolvem o emprego de água morna é sabão.
Lavagem gástrica não deve ser empregada em casos onde se suspeita de ingestão de destilados de petróleo. Essa técnica requer emprego de anestesia geral.
Lavagem enterogástrica pode ser necessária quando existiu uma exposição à agentes letais como estricnina, metaldeídos, antidepressivos ou fluoracil.
Com relação a agentes que podem ser utilizados na emergência para induzir vômito, existem vários, porém o mais comum é o peróxido de hidrogênio (água oxigenada) 3%. A dose recomendada é 1 colher de chá (5ml)/2.5kg, e não se deve dar mais que 3 colheres de sopa (45ml). A água oxigenada causa vômito através de uma irritação gástrica leve. O vômito, geralmente, ocorre dentro de minutos.
Em ambiente hospitalar, a apomorfina é amplamente utilizada (cuidado com uso em gatos). Geralmente é administrada topicamente na conjuntiva. Raramente ocorre feitos adversos, mas se isso acontecer, esses efeitos podem ser revertidos com naloxone.
Escrito por Luiz Bolfer, DVM - University of Illinois - Veterinary Teaching Hospital
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